5 de março de 2006

Me perco nas noites escuras.
Me entrego.
Me perco.

Já não há verdade.
Não há mentiras.

Meus olhos pousaram em outros olhos.
Que vazios como os meus
Se perderam na imensidão do vazio.

E o que sobrou?
Águas...
Pedras...

Purificação e sacanagem,
Dor e desejo,
Na simbiose dos instintos
Da boca sedenta...

De carinho
De atenção
De plenitude.

Da falta de cegueira.
Quando o escuro
Esconde a face
Contorcida.

Não há verdade.
Há o não-ser.
Há o que não ultrapassa...

Rendição,
Pois o amor é dor do espírito
Ébrio consciente da própria podridão.

Já não há vão.
Já não há refúgio.

Só carne com carne,
Cheiro, calor, morte,
Dissimular,
Perder-se,
Refugiar-se no vazio de si no outro.

Os não-ser em um encontro imoral e tático,
Para que não se perca em seu próprio mar,

Gozo!

Queda das últimas forças.
Carne-fel.

Solidão compartilhada,
De dois que nunca serão um.
De um que já mentiu,
Já iludiu,
Já enganou.

Se há sonhos?

Corre em mim
Percorre o caminho rumo ao desconhecido
Explode com frenesi.

Vazio.
Delírio.
Vazio.

Já não durmo.

Só consigo não-ser.

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